Duplo sentido
Era uma janela, uma pequenina janela. Uma janelinha. Ela tudo via. Os que passavam na rua apressados, os namorados no portão, o jardim florido e os carros rápidos e os preguiçosos.
As outras janelas. Acenava para elas. A árvore lá longe lhe trazia os passarinhos, os bem-te-vis, os pintassilgos e as rolinhas. Verde, frondosa e cheia de vida.
Olhava para os outros. Os admirava, criava nomes para cada um que passasse: Maria, Manuel, Ricardo, Clementina, Luiza, Carolina, Joaquim, Marcelo.
Não parava de pensar, refletia no chão e no rosto de muitos o Sol da manhã.
Gostava de ficar decorando as roupas. Percebia cada detalhe. “Olha aquele, usou essa blusa azul e vermelha com estrelinhas na semana passada”. Será que a lavou? Pelo visto não, está toda amarrotada. A loirinha Margareth sempre bem arrumada. Ela é muito vaidosa. Gosto dessa menina, muito sorridente.
Quem são aqueles com capacete? Nunca os vi. E aquilo que apontam para cá? Devem ser de fora. São estranhos. Vestem-se com um negócio dependurado no pescoço. Jorge saiu de casa, foi lá falar com eles. Estão assinando um papel.... Depois de dias uma sombra cresceu.
Nota do blogueiro: Nem tudo que parece é. Nem tudo em dobro é melhor. Nossos olhos estão diante da destruição do mundo.
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