Gertrudes
Eu entrei no banheiro e lá estava ela. Num canto, encostada na parede. Confesso que me assustei. O armário estava entreaberto, então fiquei pensando na possibilidade de a criatura ter mexido em algo. Elucubrei sobre a pasta de dente, a escova de dente – que nojo, o pincel para barba – sou das antigas e alérgico às espumas - e também sobre o pente. Mas, aparentemente nada havia sido mexido ou tocado.
Fiquei olhando-a, o mesmo ela fazia, ressabiada, será que ele vai fazer algo?
Ficamos nos fitando por alguns instantes. Aquele ser permanecia praticamente imóvel.
É claro que já havia visto uma, mas cheguei mais perto e constatei – ou recordei: em cada uma das patas existiam igualmente cinco “dedos”.
Gertrudes era cinza-castanho – quase branca, pequena e muito desconfiada. É claro que não me sentia à vontade com ela ali, mas também não achei direito tentar qualquer coisa contra ela, até porque seria uma batalha pegá-la e colocá-la para fora. Matar nem pensar. No fim das contas, fiz o que tinha que fazer no banheiro e saí. Mais tarde, a procurei, acho que senti sua falta. Abaixo a foto dela, quem a vir, por favor, me avise. Beijos.
3 comments:
Ah! coitada da Gertrudes. Conheço várias pessoas que não conseguem dividir o mesm ambiente com a Gertrudes, a começar pela minha mãe. Chega ser engraçado. Se ainda fosse uma barata ou um rato até vai. Mas uma inofensiva lagartixa. Por favor, né! Valha me Deus!!
Bjus e saudades!!
Érika
Obrigado pela visita Kérida!
Beijos e saudades.
Muito curioso e divertido, o conto. Prendeu-me a atenção até o fim. Também tenho uma relação tormentosa com as primas da "Gertrudes" - ao mesmo tempo que sei serem inofensivas, não consigo esquecer que elas são parentes distantes de cobras e lagartos, que passeiam pelos cantos mais empoeirados da casa, que se alimentam de asquerosos insetos...
Parabéns, amigo!
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