Beto é um homem muito inteligente, perspicaz e romântico. Às vezes ingênuo por acreditar muito nas pessoas. Com o decorrer dos anos se tornou desconfiado ao menor sinal de enganos e mentiras. No entanto, isso é facilmente contornado com uma boa dose de entrega e sinceridade da outra pessoa. Não gosta de joguinhos e prefere pessoas verdadeiras e sensíveis.
Numa noite, numa boate, Beto conheceu Mirna. Mirna era amiga de uma colega de academia. Ele a viu pela primeira vez ladeada por Renata e Elaine. Renata, linda, com um corpo de mexer com qualquer homem foi alvo de seu olhar primo naquela noite, mas ela estava desligada e parecia ter alguém. Elaine também muito bonita já era um pouco mais velha e um charme capaz de chamar a atenção de qualquer um que a olhasse. Mirna tinha um belo sorriso, não tão linda como as demais, mas igualmente interessante.
Concentrou-se em Mirna, a alvejava vendo-a como caçador. Buscou mais informações sobre aquela balzaquiana com Carlota. Estava sozinha, sem namorado, totalmente desimpedida. Beto estava num momento especial, tinha um bom emprego, acabara de um comprar um bom carro e vinha de uma conquista de causar inveja a muito homem. Essa mulher, no entanto era muito garota e ele não se dera muito bem com seus amigos. Sentira-se desconfortável com os papos. Muito imaturos para ele. Já estava em outro nível. E aquela menina tinha só 21 anos e ele 32. Não que a idade fosse problema, mas sua mente funcionava como se tivera quase 40, dado os relacionamentos que tivera antes. Quase sempre se relacionou com mulheres mais velhas que ele.
Voltemos a Mirna, sua boca alegre e a simpatia o encantaram. Em dado momento partiu com tudo. Tinha que ser naquela hora. Puxou-a para dançar e alguns minutos de troca de vistas tentou beijá-la. Ela quase resistiu, meio que embaraçada pela investida, mas ao mesmo tempo atraída por ele, beijou-o. Sem o deixar explorar toda, mais como algo entre um selinho e um beijo ardente.
Ele sempre fora de grandes paixões e investira muito em cada contato com as mulheres, as paparicava e as tratava como rainhas. Algumas vezes se dera mal com esse seu jeito. No entanto, Beto é um homem diferente de qualquer outro. Não é egoísta, é companheiro, gosta de ternuras e ao mesmo tempo se considera um tarado quando o assunto é sexo. Gosta muito da coisa, talvez por causa de sua vida sexual iniciada muito cedo.
Prefere tomar as rédeas da situação, que a mulher se doe ao máximo, pois tem certeza que tem equilíbrio suficiente para não desprezá-la ou parar com os mimos só porque já a conquistou. Para ele sua amada deve ser conquistada todos os dias, mas também é capaz de esfriar só porque a sua companhia o esnoba ou joga com seus sentimentos. Não gosta de sentir ameaças. Tem plena consciência que é um grande conquistador e por isso não se sente inseguro. Jamais traiu qualquer uma de suas namoradas, esse é outro ponto totalmente diferenciado de qualquer homem. Preza o que o outro sente e não quer ninguém magoado e triste principalmente por causa dele.
Mas, resgatando Mirna, ela foi sua parceira ideal por vários anos. Sua primeira noite foi estranha e pouco engraçada ou trágica, ele ainda não sabia ao certo. Passara o dia inteiro, um sábado, jogando futebol e fora se encontrar com ela. Lá pelas nove horas da noite, havia ficado na peleja por mais de sete horas seguidas. Era incansável. Um atleta. Pois, bem, foi sem nenhuma pretensão se encontrar com Mirna em sua casa. Era um dia chuvoso, aliás, chovia muito. Ela morava com a irmã e mãe, mas naquele dia em função do forte aguaceiro, estava sozinha e decidiu então doar-se. Em um dado momento começou a tirar a roupa em meio a uma penumbra. Ele adorou, fitou-a com desejo, mas não à primeira vista não gostou muito do que viu. Não a achou muito atraente, mas gostava muito dela. Ela despertava uma leve atração, o suficiente para aquele garanhão querer cobri-la. Como ainda estava sobre os efeitos alucinógenos proveniente do próprio organismo em função da enorme atividade esportiva, demorou muito a ter uma ereção. Somente lá pelas onze da noite conseguiu finalmente ter uma relação com ela. Não fora grandes coisas, não se conheciam muito e aquele comecinho o deixara muito tenso. Desde lá, criou uma espécie de bloqueio em relação aos primeiros encontros com mulheres. Era vigoroso na cama e tinha energia de sobra, mas a maioria das primeiras investidas passaram a ser duvidosas. Depois de um tempo, pouco tempo, diga-se de passagem, suas relações entravam no eixo e agradava em cheio a qualquer mulher que fosse. Ao longo de sua vida, despertou muitas paixões nas mulheres, arrebatadoras seria o mais certo. Suas mulheres nunca mais o esqueceriam.
Alguns anos depois, diante de uma relação tranqüila que o agradava em cheio, sem sobressaltos. Com poucas brigas entre os dois, afinal ele não era dado às discussões e tão pouco um ou outro davam margem as mesmas, se separaram porque o desejo se esvaiu. Não porque ele ou ela deixassem de gostar um do outro, mas porque ela passou a fugir de suas tentativas durante a noite ou madrugada. Ela como forma de sair da situação criara ou tentava fazer uma programação que os ocupasse todas as noites com encontros com amigos ou festas. Isso o deixou cada vez mais chateado. Tinha tesão por ela e queria mais contato com Mirna. Ela era do tipo caladona na cama, não pedia muito e não o ajudava a buscar tanto o seu prazer – erro maior da maioria das mulheres: esconderem suas fantasias e desejos e até posições preferidas. Mesmo assim ele tinha certeza que a fazia gozar. Talvez o ritmo que ainda permanecia nele não mais conseguia se manter nela, tanto é que ela vivia com sono enquanto ele sempre se sentia inteiro. Poucos diálogos a respeito foram efetuados até que em dado momento ele começou a sentir mais atraído por outras mulheres. Não tinha o que lhe cabia em casa. Como Beto é realmente um macho distante dos outros, fugiu da traição e deu-lhe um ultimato: “precisamos de mais tempo sozinhos!”. Ela disse que iria mudar, mas daqui a uma semana nada mudou. Então, ele saturado por meses de tentativas de alterar o panorama se coube a terminar o relacionamento que era de vários anos. Terminou num dia oito do mês corrente e já em 22 estava arrastando asas por outra, não por insensibilidade, mais por simples atração – que se apagara no romance anterior. Fora também o destino que o colocara agora diante daquela loira estonteante conhecida alguns meses atrás. Fora uma empatia, mas sem nada mais do que isso por causa de sua posição sempre fiel. Beto seria um bom exemplo?